Como garantir o uso responsável da IA generativa 

Apesar de seu enorme potencial para melhorar processos e gerar resultados, a GenAI também apresenta desafios importantes — e ignorá-los pode comprometer a equidade e a transparência na sua aplicação.

Published ·28/04/2025

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À medida que a IA generativa se infiltra em praticamente todos os setores — do atendimento ao cliente à criação de conteúdo — crescem as preocupações sobre seus riscos, principalmente em relação a viés e justiça. Afinal, embora essa tecnologia ofereça ganhos claros de eficiência e vantagens competitivas, ela também exige atenção redobrada em relação à equidade e à transparência antes de ser adotada em larga escala. 

Entendendo o viés na IA 

O debate sobre viés em algoritmos de IA começou muito antes da popularização do ChatGPT ou da mídia falar sobre modelos de linguagem como os LLMs. Desde os primeiros sistemas baseados em IA, já existia a preocupação de que decisões tomadas durante o desenvolvimento pudessem refletir favoritismos ou preconceitos. 

No caso da IA generativa, o viés pode surgir de várias formas: 

1. Dados de treinamento 

A qualidade e a variedade dos dados usados para treinar o modelo influenciam diretamente seus resultados. Se um modelo é treinado apenas com fontes em inglês, por exemplo, ele pode refletir um viés ocidental. Da mesma forma, se os dados forem antigos — como textos anteriores a 2001 —, há o risco de perpetuar visões ultrapassadas. 

2. Design dos algoritmos 

Algoritmos mal projetados podem introduzir viés, mesmo que os dados sejam amplos. A forma como diferentes tipos de entrada são considerados pode favorecer determinados resultados — mesmo que isso não esteja nos dados. 

3. Ciclos de feedback 

Modelos generativos aprendem com feedback de usuários. Se esse processo não for cuidadosamente estruturado para evitar distorções, ele pode reforçar desigualdades ao longo do tempo e tornar os resultados tendenciosos. 

A falta de transparência 

Apesar de produzirem respostas sofisticadas, muitos modelos generativos não deixam claro como chegaram a determinada conclusão. Essa falta de transparência gera desconfiança e dificulta o controle de viés. 

Interpretabilidade 

Sem entender os critérios usados pelo sistema, é difícil saber se ele está sendo tendencioso. E, se os usuários não conseguem “ver por dentro” do modelo, a confiança nas respostas diminui. 

Responsabilização 

Quando não é possível entender o processo decisório da IA, torna-se quase impossível saber se o problema está nos dados, no modelo, no usuário ou nos mecanismos de feedback. Sem clareza sobre isso, é difícil estabelecer uma governança responsável para o uso da tecnologia. 

Justiça em diferentes contextos

Embora viés e justiça estejam interligados, a justiça se torna um tópico próprio quando a IA generativa é usada em áreas específicas. Veja alguns exemplos: 

  •  Moderação de conteúdo: Modelos generativos podem censurar de forma desproporcional determinadas opiniões — principalmente se os dados de treinamento não refletirem a diversidade do público real.
  •  Recrutamento e seleção: Se o modelo for treinado com base em dados históricos carregados de desigualdades, ele pode favorecer certos perfis e tornar o processo seletivo injusto. 
  • Criatividade: Na indústria criativa, o uso da IA pode gerar dúvidas sobre autoria, originalidade e até levar à padronização da produção artística. No curto prazo, pode haver acusações de plágio. No longo prazo, o risco é a perda de diversidade cultural. 

5 maneiras de enfrentar o viés e promover justiça na IA generativa 

Uma vez que as empresas compreendam os riscos e suas causas, é possível adotar medidas para mitigar vieses, garantir justiça e gerar confiança — desbloqueando, de fato, os benefícios da IA generativa. 

1. Dados mais diversos 

A base de tudo está em treinar os modelos com dados mais representativos e abrangentes. Para isso: 

  • Audite os dados com frequência: identifique lacunas e problemas de representatividade. 
  • Busque fontes diversas: amplie o escopo de dados utilizados no treinamento. 
  • Use dados sintéticos: quando faltarem dados de determinados grupos, simule cenários com dados gerados artificialmente para equilibrar o conjunto. 
2. Design consciente de algoritmos 

Durante o desenvolvimento, é possível adotar estratégias para minimizar o viés: 

  • Implemente restrições de justiça: incorpore critérios que busquem resultados mais equitativos. 
  • Teste continuamente: simule diferentes interações e use ferramentas de detecção de viés para medir os impactos. 
3. Transparência e interpretabilidade 

Confiança se constrói com clareza. Algumas práticas fundamentais: 

  • Invista em ferramentas de IA explicável: elas ajudam a entender como as decisões são tomadas. 
  • Documente tudo: registre os dados usados, as suposições feitas e os critérios adotados — e disponibilize essas informações para auditorias internas e externas. 
  • Crie canais de feedback: permita que usuários reportem problemas relacionados a viés ou justiça. 
4. Desenvolvimento inclusivo e ético  

As equipes responsáveis pela IA devem refletir a diversidade da empresa. Isso ajuda a identificar riscos e enxergar oportunidades de forma mais completa. Além disso, ofereça treinamentos sobre ética e viés em IA. Todos na organização devem ser capazes de reconhecer e agir diante de possíveis problemas. 

5. Monitoramento contínuo 

A promoção da justiça não é tarefa única, mas um compromisso permanente: 

  • Avalie os resultados regularmente: detecte padrões emergentes de viés e corrija-os com agilidade. 
  • Adapte e evolua: use o feedback para ajustar os modelos continuamente, tornando-os mais justos ao longo do tempo.

À medida que a IA generativa se torna parte do dia a dia de empresas e consumidores, é essencial colocar viés e justiça no centro das discussões. Reconhecer os riscos e agir de forma proativa é o que vai permitir que sua empresa use essa tecnologia de maneira ética, responsável e com a confiança de todos os envolvidos. Quer entender como a IA generativa vai moldar o futuro da experiência do cliente? Leia: Relatório CX Trends 2025